quarta-feira, 6 de novembro de 2013






PESQUISA EM CERÂMICA - André Yassuda (texto extraído do mestrado, USP, 2011).
“Passagens” se refere à transição, deslocamento, mudança, transmissão e continuidade. Percepção do corpo como um todo na ação do fazer; no movimento e suas ressonâncias, na conexão com a respiração e como isso se transmite na modelagem dos trabalhos. Se passagem implica aqui em relacionar diferenças, algo que se dá entre o ser e a matéria, estamos falando de uma matéria inerte, fria e amorfa que recebe, registra e devolve uma ação1 que se dá a partir do contato com as mãos e o corpo.
No início trabalhei a partir de galhos de árvores como uma estrutura para a modelagem, determinada pelo crescimento do vegetal; matéria que se organizava movida por um princípio de energia vital, sobrepondo neles a argila que se agregava sobre os movimentos da sua forma. Num segundo momento, durante a secagem dos trabalhos, fui realizando outras intervenções, até o momento da queima, quando os galhos desapareceram deixando vazios e vestígios de seu contato com a argila. A composição de massas cerâmicas associada à queima como processo de transformação, onde o forno é construído adequando-se a cada trabalho são questões também importantes que vem sendo desenvolvidas.
Iniciada através da pintura e da gravura, a presente pesquisa expandiu-se aos processos da cerâmica. Trabalhando com procedimentos de destruição e regeneração, a relação entre intenção e acaso se dá por sobreposições contínuas. Na montagem dos trabalhos, diferentes contextos trazem questões específicas ao processo de criação, envolvendo a elaboração de instalações e pensando as peças como partes de um corpo que se articula pela aproximação e combinação entre elementos diversos, incluindo as pinturas, madeiras encontradas, como pedaços de árvores e gravuras.
resumo